Há uma linha tênue entre estresse e ansiedade. Ambos são respostas emocionais difíceis de lidar, mas o estresse é normalmente causado por um gatilho externo. Esse gatilho pode ser de curto prazo, como a entrega de um trabalho ou uma briga com um ente querido, ou de longo prazo, como a incapacidade de trabalhar devido a uma condição médica, discriminação racial ou de gênero. Pessoas sob estresse experimentam sintomas mentais e físicos, como irritabilidade, raiva, fadiga, dores musculares, problemas digestivos e dificuldade para dormir.
Um estudo realizado pela Fiocruz mostrou que mais de 30% dos brasileiros apresentam sintomas de ansiedade. Nos últimos anos, um dos fatores crescentes de estresse e ansiedade no Brasil e no mundo são as **mudanças climáticas**. Muitas pessoas relatam preocupação e angústia com o futuro do planeta, o que tem sido chamado de “ecoansiedade”. Esse fenômeno tem gerado estresse contínuo, principalmente em jovens e pessoas mais engajadas com questões ambientais, causando sintomas físicos e emocionais semelhantes aos do estresse provocado por outros fatores.
A ansiedade, por outro lado, é caracterizada por preocupações persistentes e excessivas que não desaparecem, mesmo na ausência de um fator estressor. A ansiedade leva a um conjunto de sintomas quase idêntico ao do estresse: insônia, dificuldade de concentração, fadiga, tensão muscular e irritabilidade.
Uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) revelou que a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) tem sido eficaz no tratamento tanto de transtornos de estresse quanto de ansiedade, incluindo a ansiedade relacionada às mudanças climáticas. O estudo destacou que a TCC ajuda a reduzir os sintomas ao modificar padrões de pensamento inadequados, sendo uma das terapias mais indicadas para tratar essas condições no Brasil.
Tanto o estresse leve quanto a ansiedade leve respondem bem a mecanismos de enfrentamento semelhantes. Atividade física, uma dieta nutritiva e variada e boas práticas de higiene do sono são um bom ponto de partida, mas existem outros mecanismos de enfrentamento disponíveis.
Se o seu estresse ou ansiedade não respondem a essas técnicas de gerenciamento, ou se você sentir que o estresse ou a ansiedade estão afetando seu funcionamento ou humor no dia a dia, considere conversar com um profissional de saúde mental que pode ajudá-lo a entender o que está vivenciando e fornecer ferramentas adicionais para lidar com a situação. Por exemplo, um psicólogo pode ajudar a determinar se você pode ter um transtorno de ansiedade. Os transtornos de ansiedade diferem das sensações de ansiedade de curto prazo em sua gravidade e duração: a ansiedade geralmente persiste por meses e afeta negativamente o humor e o funcionamento. Alguns transtornos de ansiedade, como a agorafobia (medo de espaços públicos ou abertos), podem fazer com que a pessoa evite atividades prazerosas ou tenha dificuldade em manter um emprego.
De acordo com os últimos dados do Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos, 31% dos americanos irão vivenciar um transtorno de ansiedade durante a vida.
No Brasil, o estudo da Fiocruz também identificou que o aumento das preocupações com questões ambientais e climáticas está diretamente relacionado ao crescimento de transtornos de ansiedade, principalmente em áreas afetadas por desastres naturais. A pesquisa indicou a necessidade de políticas públicas mais robustas para tratar tanto os efeitos físicos das mudanças climáticas quanto o impacto psicológico na população.
Um dos transtornos de ansiedade mais comuns é o transtorno de ansiedade generalizada. Para identificar se alguém tem transtorno de ansiedade generalizada, o clínico irá procurar por sintomas como preocupação excessiva e difícil de controlar, ocorrendo na maioria dos dias ao longo de seis meses. A preocupação pode variar de um tópico para outro. O transtorno de ansiedade generalizada também é acompanhado por sintomas físicos de ansiedade.
Outro tipo de transtorno de ansiedade é o transtorno do pânico, que é caracterizado por ataques súbitos de ansiedade que podem deixar a pessoa suando, tonta e com falta de ar. A ansiedade também pode se manifestar na forma de fobias específicas (como o medo de voar) ou como ansiedade social, que se caracteriza por um medo generalizado de situações sociais.
Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) investigaram o aumento significativo no uso de ansiolíticos e antidepressivos no Brasil entre 2010 e 2020, mostrando um crescimento constante na prescrição desses medicamentos como parte do tratamento de transtornos de ansiedade, como pânico e fobias. Esses medicamentos têm sido amplamente utilizados em combinação com psicoterapia para tratar essas condições.
Os transtornos de ansiedade podem ser tratados com psicoterapia, medicação ou uma combinação dos dois. Uma das abordagens terapêuticas mais amplamente utilizadas é a terapia cognitivo-comportamental, que se concentra em mudar padrões de pensamento inadequados relacionados à ansiedade. Outro tratamento potencial é a terapia de exposição, que envolve confrontar os gatilhos da ansiedade de maneira segura e controlada, a fim de romper o ciclo de medo em torno do gatilho.
Para mais informações sobre ansiedade e tratamentos, entre em contato conosco na Clínica Plenamente e teremos prazer em te ajudar.
Bibliografia:
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Estudo sobre saúde mental no Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2020.
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Terapia Cognitivo-Comportamental e sua aplicação em transtornos de ansiedade. São Paulo: USP, 2021.