Uma nova pesquisa, liderada por pesquisadores da Universidade de Queensland, na Austrália, e da Escola de Medicina de Harvard, nos EUA, revelou que uma em cada duas pessoas com 75 ou mais anos vai desenvolver algum tipo de problema de saúde mental.
O estudo, agora publicado na revista científica The Lancet Psychiatry, foi liderado por John McGrath e Ronald Kessler, analisou dados globais de mais de 150 adultos, de 29 países, colhidos entre 2011 e 2022.
Os resultados mostraram uma alta prevalência de problemas de saúde mental, o que surtirá reflexos na metade da população mundial até aos 75 anos de idade. Os transtornos mais comuns encontrados foram os distúrbios do humor como a depressão, além da ansiedade.
Notou-se ainda uma diferença de acordo com o gênero. Depressão, fobias específicas e estresse pós-traumático foram considerados mais comuns entre as mulheres. Enquanto, os transtornos ocasionados pelo alcoolismo, e as dependências são mais comuns entre os homens.
Para finalizar, os pesquisadores enfatizaram que “o pico de idade para se observarem os primeiros sintomas” foi aos 15 anos, com a média “aos 19 anos em homens e 20 em mulheres”. Mostrando assim a importância da prevenção quanto a saúde mental, em especial, os jovens.
Baixa autoestima e ansiedade: saúde mental de jovens é pior que de outros grupos
Os jovens brasileiros com idades entre 16 e 24 anos estão entre os mais afetados por problemas de saúde mental, resultando em baixa autoestima, isolamento social e até conflitos familiares.
O dado faz parte do Panorama da Saúde Mental, ferramenta de monitoramento criada pelo Instituto Cactus, entidade filantrópica, em parceria com a AtlasIntel, empresa de tecnologia especializada em inteligência de dados. Os dados colhidos por questionário online com cerca de 44% dos respondentes da região Sudeste do Brasil foram divulgados no último dia 4 de agosto.
Ao responder perguntas sobre confiança, vitalidade e foco, os 2248 participantes do estudo – 18.7% deles jovens (cerca de 400 pessoas) – marcaram pontuações de 0 a mil no iCASM (índice Cactus-Atlas de Saúde Mental), um índice criado para expressar de forma numérica algumas das múltiplas dimensões que impactam positiva e negativamente a saúde mental dos indivíduos.
No caso deste grupo específico de 16 a 24 anos, o valor do iCASM foi de 534 pontos, abaixo da média nacional (635) e o menor índice dentro da categoria “idade”.
A maioria (78%) dos jovens relatou ter se sentido feio ou pouco atraente ao menos uma vez nas últimas duas semanas anteriores à data da coleta. Destes, a maioria (73%) também relatou se sentir pouco inteligente e quase metade (45%) afirmou não ter saído com amigos no período.
O estudo avalia que as percepções estão associadas a questões importantes de saúde mental, já que aqueles que aqueles que reportaram baixa autoestima também demonstraram baixo interesse e prazer nas atividades do dia a dia (80%), e a sensação de cansaço e a falta de energia (90%). Além disso, uma parcela indicou ter brigado com seus familiares no período indicado (70%).
Estudos na Europa com amostras representativas mostram que desde 2012, há o aumento de taxas de depressão e solidão entre jovens. As hipóteses que se levantam passam por razões sociais e culturais amplas, entrando em questões de ambiente digital, mundo cada vez mais polarizado e intolerância em questões como sexualidade e raça.
Na América Latina, segundo as estimativas mais recentes da Unicef, quase 16 milhões de jovens entre 10 e 19 anos têm algum transtorno mental. Isso equivale a cerca de 15% das pessoas dessa faixa etária
Prevenir é melhor que remediar
Sem dúvida, esse ditado popular cai como “uma luva” quando falamos sobre saúde mental. Quanto antes começarmos a nos preocupar com o bem-estar do corpo e da mente, melhor. Veja os principais pilares:
Alimentação saudável
Uma alimentação balanceada, saudável em sua predominância, é um importante combustível para a saúde em sua integralidade, sendo o carro chefe no bom funcionamento do corpo.
Prática de atividade física
Nada de ficar parado. A atividade física auxilia na liberação dos hormônios importantes no funcionamento cerebral, na regulação das nossas emoções, contribui para a manutenção dos músculos, melhora e protege nosso sistema imunológico, evita problemas articulares, melhora a nossa flexibilidade bem como nossa capacidade funcional e ainda é responsável pela liberação de endorfina e serotonina, responsáveis pelas sensações de bem-estar.
Qualidade do sono
O sono é de fundamental importância para o bem-estar e capacidade funcional do indivíduo.
Busque ter uma rotina para se preparar para o sono, dormir e acordar no mesmo horário e se organizar antes de dormir para que esse momento seja aproveitado com qualidade, reduzindo ao máximo as preocupações.
Relações Sociais
As relações pessoais fazem parte do ser humano desde o início da humanidade. São as trocas de experiências e convívios que nos ajudam a desenvolver.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o conceito de “saúde” vai além de não desenvolver doenças. É preciso ter um completo bem-estar físico, mental e social.
Descanso
O nosso cérebro precisa descansar para produzir. É comum hoje em dia pessoas diagnosticadas com síndrome de Burnout, psicopatologia relacionada ao esgotamento mental advindo das atividades laborais.
Separe diariamente um momento para que você possa relaxar, fazer o famoso “nada” e perceba a diferença na sua qualidade de vida.
A manutenção da qualidade da saúde mental é de extrema importância e está relacionada a vários aspectos. Dessa forma, te convido a analisar seus hábitos atuais e responder: estou vivendo hoje com saúde física e mental?
Se a sua resposta for não, questione-se de como quer chegar no futuro. Seus hábitos de hoje serão reflexos do amanhã, não há como fugir disso.
Porém, é possível adotar hábitos mais equilibrados para que o processo de envelhecimento ocorra de maneira mais saudável. Vale ressaltar que não há necessidade de gerar mudanças em todos os aspectos ao mesmo tempo. A dica é COMEÇAR, não importa a idade e aos poucos ir incorporando as mudanças na rotina até o seu corpo e sua mente se adaptarem.
Busque ajuda profissional, se necessário, e trabalhe dia a dia para aprimorar uma coisa de cada vez, pois a mudança será mais saudável, mais duradoura e muito mais efetiva.
Colaboração: Mônica Merlini
Fontes:
Lazer e amizade na infância: implicações para saúde, educação e desenvolvimento infantil. Pepsic – periódicos eletrônicos em Psicologia: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-69752013000100008