Será que você faz com que os seus colaboradores sejam quem eles são, de verdade? Assisti um vídeo recentemente do Simon falando sobre uma experiência que ele teve em um hotel onde o barman trabalhava “feliz da vida”, cantando enquanto desempenhava a sua função.
Curioso, ele perguntou ao barman: “Você gosta de trabalhar aqui”? E a resposta foi direta: “Sim, adoro. Aqui é um ambiente gostoso, eu sou quem eu sou de verdade”, disse o barman que logo falou que em um outro bar que trabalhava era o contrário. “Meu chefe é uma pessoa difícil, só aponta os meus erros, me critica. Lá eu não sou quem eu sou de verdade”.
A satisfação no trabalho e o bem-estar geral aborda a necessidade de as organizações criarem culturas de trabalho que apoiem todo o espectro de saúde dos seus funcionários. O objetivo é atingir um equilíbrio harmonioso entre as exigências do trabalho e o bem-estar pessoal.
Um ambiente de trabalho positivo é um lugar onde as pessoas se sentem valorizadas, respeitadas e apoiadas. Onde é desenvolvida a cultura de colaboração, comunicação aberta e confiança mútua entre os membros da equipe. Nesse ambiente, as pessoas se sentem encorajadas a expressar suas opiniões, ideias e preocupações sem medo de retaliação. Há um senso de cooperação, e as relações interpessoais são saudáveis e respeitosas.
E existem muitos motivos para colocar a cultura positiva em prática em contrapartida a do estresse e a pressão. Segundo um estudo americano de Harvard, por Emma Seppälä e Kim Cameron, existem gastos ocultos que as empresas não reconhecem.
Os gastos com saúde em empresas de alta pressão, por exemplo, são 50% maior do que em outras organizações. Segundo a Associação Americana de Psicologia estima-se que mais de 500 bilhões de dólares são desviados da economia dos EUA por causa do estresse no local de trabalho, e 550 milhões de dias de trabalho são perdidos a cada ano devido ao estresse no trabalho.
Cerca de 60 a 80% dos acidentes de trabalho são atribuídos ao estresse, e é estimado que mais de 80% das consultas médicas são devidas ao esgotamento. O estresse no local de trabalho tem sido associado a problemas de saúde que vão desde a síndrome metabólica até doenças cardiovasculares e mortalidade.
Outro fator relevante de gastos ocultos de empresas de alta pressão é com o engajamento dos funcionários. Embora um ambiente implacável e uma cultura de medo possam garantir engajamento por algum tempo, pesquisas sugerem que o estresse inevitável que isso cria provavelmente levará ao desengajamento a longo prazo.
Estudos realizados pela Escola de Negócios do Queens e pela Organização Gallup, trabalhadores desengajados tiveram 37% mais absenteísmo, 49% mais acidentes e 60% mais erros.
A falta de lealdade é um terceiro custo. Pesquisas mostram que estresse no local de trabalho leva a um aumento de quase 50% na movimentação voluntária. As pessoas entram no mercado de trabalho, recusam promoções ou se demitem. E os custos de movimentação associados ao recrutamento, treinamento, redução da produtividade, perda de experiência e assim por diante são significativos. O Centro para o Progresso Americano estima que substituir um único funcionário custa aproximadamente 20% do salário desse funcionário.
Mas você deve estar se perguntando “Como incluir a cultura positiva em uma empresa?”. Emma Seppälä e Kim Cameron, explicam que é necessário alguns princípios importantes. Veja quais são as 6 qualidades:
1 – Tratar colegas como amigos, cuidar deles e se interessar pelo bem-estar deles;
2- Apoiar os colegas e oferecer compaixão e bondade em momentos de necessidade;
3- Perdoar erros e não atribuir culpas;
4- Trabalhar se inspirando uns nos outros;
5- Encontrar e enfatizar aspectos significativos do trabalho;
6- Priorizar confiança, respeito, gratidão e integridade.
E como você, como empregador, pode promover esses princípios? A pesquisa de Harvard aponta quatro etapas:
1- Promova conexões sociais. Um grande número de estudos comprova que as ligações sociais positivas no trabalho produzem resultados altamente desejáveis. Por exemplo, as pessoas adoecem com menos frequência, recuperam duas vezes mais rapidamente de uma cirurgia e sofrem menos depressão.
Por isso, elaborar essa integração e consciência dos funcionários na construção de uma equipe é fundamental. Palestras, debates e reuniões sobre os intuitos e objetivos da empresa farão com que todos se sintam parte essencial de uma empresa. Eventos interativos como happy-hours, churrascos e outros tipos de encontros também podem melhorar a relação dos grupos.
2- Mostre empatia. Um estudo revelador de imagens cerebrais descobriu que, quando os funcionários se lembravam de um chefe que tinha sido cruel ou pouco empático, mostravam uma maior ativação em áreas do cérebro associadas à evitação e à emoção negativa, enquanto o oposto era verdadeiro quando se lembravam de um chefe empático. Além disso, líderes que demonstram compaixão para com os colaboradores promovem a resiliência individual e coletiva.
Segundo a pesquisa de Dutton, as evidências mostram que, no ambiente de trabalho, a compaixão evoca sentimentos positivos como gratidão, reduz a ansiedade, aumenta o apego e o compromisso com a organização. Dessa maneira, o número de rotatividade diminui e o comprometimento da equipe aumenta.
3- Saia do seu caminho para ajudar. Jonathan Haidt, da Stern School of Business da Universidade de Nova Iorque, mostra na sua investigação que quando os líderes não são apenas justos, mas também abnegados, os seus funcionários são, na verdade, movidos e inspirados para se tornarem eles próprios mais leais e empenhados. Como consequência, é mais provável que se esforcem para serem prestativos e amigáveis com os outros funcionários, criando assim um ciclo de auto-reforço.
4. Incentive as pessoas a falarem com você. Especialmente sobre os problemas delas. Em vez de criar uma cultura de medo das consequências negativas, sentir-se seguro no local de trabalho ajuda a encorajar o espírito de experimentação, tão crítico para a inovação e desenvolvimento.
Brasil ocupa 11º lugar em ranking global de saúde dos profissionais
O Brasil ocupa o 11º lugar entre 30 países avaliados em relação à saúde geral, ou holística, dos seus profissionais.
A nova pesquisa do McKinsey Health Institute abrange 30 mil trabalhadores e mostra como eles percebem sua saúde e a relacionam com o ambiente de trabalho. Os dados no Brasil mostraram que:
*62% consideraram ter boa saúde geral ou holística (visão integrada do funcionamento mental, físico, espiritual e social do indivíduo)
*70% – saúde social (capacidade de construir relacionamentos saudáveis e de apoio);
*63% – saúde física;
*71% – saúde espiritual (integra significado na sua vida)
*74% – saúde mental (estado de ser comportamental, cognitivo e emocional do indivíduo).
A Turquia lidera o ranking, com a maior porcentagem de pontuações positivas em relação à saúde dos profissionais (78%) e o Japão ocupa o último lugar (25%).
Profissionais entre 18 e 24 anos tiveram as pontuações mais baixas em relação à saúde holística. Entrevistados que trabalham em empresas maiores (com mais de 250 funcionários) tiveram pontuações de saúde holística mais altas do que aqueles em empresas menores. Os níveis são semelhantes em todos os setores pesquisados.
Conclusão:
Com certeza, promover uma cultura positiva não é fácil, mas, sem dúvidas, os benefícios para as empresas que desejam crescer mostram a importância desses esforços.
Trabalhar a visão integrada de saúde não é apenas uma obrigação moral, mas também uma vantagem estratégica. Empregadores que dão prioridade ao tema estão preparados para criar ambientes em que os funcionários possam realmente se desenvolver e estabelecer um novo padrão do que significa ser uma organização bem-sucedida e com visão de futuro.
Colaboração: Mônica Merlini
Fontes:
https://ecommons.cornell.edu/server/api/core/bitstreams/ec7239bb-99a3-43b5-9000-77923979093f/content